LA PLATA (Reuters) - Um ex-capelão da polícia foi condenado na terça-feira à pena de prisão perpétua por seu envolvimento com torturas, sequestros e assassinatos durante a "guerra suja" argentina. É a primeira vez que um religioso é julgado por abusos aos direitos humanos durante o regime militar (1976-83).
O padre católico Christian Von Wernich atendia à famigerada polícia da província de Buenos Aires, e segundo advogados de direitos humanos ele pressionava vítimas de torturas a falarem, durante as visitas que fazia a prisões clandestinas.
Von Wernich, 69 anos, ouviu o veredicto com a cabeça pendida, a boca voltada para baixo e os braços cruzados sobre um colete à prova de balas. Ele usava o colarinho característico dos padres.
O veredicto foi transmitido pela TV. Em frente ao tribunal de La Plata, capital da província de Buenos Aires, uma multidão aplaudiu e soltou rojões.
No plenário estavam mães de ativistas assassinados, usando na cabeça os lenços brancos que se tornaram um símbolo mundial para os militantes de direitos humanos.
Milhares de dissidentes esquerdistas morreram, desapareceram ou foram torturados durante a ditadura argentina.
Antes de Von Wernich, o último membro da ditadura a ser julgado havia sido um ex-policial, condenado também à prisão perpétua em setembro de 2006.
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